sábado, 3 de abril de 2010

Correspondente de Guerra


Mais uma antiguidade. Pelo menos é deste século. Escrita para a Gazeta Mercantil, conta um pouco da história do correspondente de guerra português Carlos Fino. Foi ele o autor do golaço da RTP ao dar em primeira mão o início dos bombardeios norte-americanos em Bagdá:


Pelo menos até o início desta semana {março de 2003} , a língua portuguesa só tinha uma voz conhecida na cobertura de TV dos bombardeios em Bagdá – a do repórter Carlos Fino, da Rede de Televisão Portuguesa (RTP). Fino, no entanto, transformou-se numa das testemunhas mais isentas dos horrores da guerra num momento em que a mídia televisiva mundial praticamente dividiu-se entre a visão árabe do conflito produzida pela Al Jazira (Qatar) e a versão oficial passada por todas as TVs norte-americanas.

Carlos Fino brilha sob uma concorrência anódina para olhos e ouvidos mais críticos. A CNN, por exemplo, ganhou visual e conteúdo de apresentação em power point feita pelo secretário de Defesa dos Eua, Donald Rumsfeld. A NBC demitiu o veterano Peter Arnet – sua grife de imparcialidade - e a Fox News aderiu sem meias palavras ao delírio patriótico vestindo de jornalista o ex-general Oliver North, afastado do poder no escândalo da venda de armas ilegais ao Irã, em 1986, durante o governo Ronald Regan. Restaria a portanto a BBC para contar a história. Mas apesar do esforço em mostrar “o outro lado”, a emissora inglesa mantém um noticiário sem emoção. Fino, ao contrário, tem dado alma na cobertura, misturando flashes ao vivo – onde não faltam, claro, explosões cinematográficas - com reportagens sobre o cotidiano surrealista de uma cidade sob fogo cerrado.

“As crianças ainda conseguem jogar futebol pela manhã, depois de uma madrugada de bombardeios, e muitas lojas abrem suas portas”, diz o repórter responsável pelo o “furo” do primeiro ataque aéreo à capital iraquiana. De sua janela no Hotel Palestine, entre um míssel e outro, Fino transmite pelo videofone tanto boletins dos norte-americanos quanto a última declaração de assessores de Saddam Husseien. Sem precisar dizer muito – e longe de arriscar análises sobre as razões da guerra - ele consegue deixar bem claro que os lados podem estar mentindo. Só aposta no que lhe parece claro. Civis estão morrendo e o ar de Bagdá está carregado de fragmentos de chumbo deixados pelos bombardeios. Mas nem assim, cede ao impulso de aderir ao mais fraco. Não há heróis nem santos na guerra de Fino.

Numa sociedade do espetáculo, ocorreu então o inevitável. O repórter português tornou-se ídolo em seu país e, contrariando as regras do jornalismo, virou notícia. Na semana passada, a página da RTP na Internet estava congestionada de telespectadores mais ávidos por informações sobre Carlos Fino do por detalhes a respeito das estratégias do Pentágono. Quem é Carlos Fino? O que costuma fazer nas horas vagas? Será que ele está com medo?




Nome: Carlos Fino

Actividade: Jornalista

Estado Civil: Casado

Data de Nascimento: 24/12/1948

Naturalidade: Lisboa

Cidade onde vive: Lisboa

Desportos que pratica: Natação

Tempos Livres: Leitura, Cinema, Ar livre

Sentiu medo? Muito

_lulafalcao

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