Fazer um filme no Brasil não é fácil, especialmente quando é feito por gente que curte cinema de verdade, respira cinema, mas não dá muita bola para o mercado. Divulgar até divulga - e desde cedo. Hoje, até quando o projeto é aprovado no Ministério da Cultura, os produtores saem à imprensa para anunciar a boa nova. Ter o Pronac – o número de inscrição na Lei de Incentivo à Cultura – já é motivo de festa.
Mas a partir daí começa a dramática fase de captação de recursos. Nesse ponto, mais do que em qualquer outro, é preciso divulgar. A imprensa publica algumas (poucas) notícias do filme que será feito, os empresários leem, os governos estaduais leem e, mais importante, a Petrobras toma conhecimento do fato.
O grande dia. Começam as filmagens. O set é tomado por aquele clima de véspera de Brasil e Uruguai na Copa de 50. Até político bate ponto no set - caso tenha alguma atriz da Globo no elenco - ou chama logo todo mundo para jantar em sua casa ou no próprio palácio do governo. É quase uma dupla jornada de trabalho para a equipe.
Filme pronto, lançamento. Como o mercado brasileiro ainda é dominado por Hollywood e Daniel Filho, as coisas se complicam. Hora de passar e-mails para os conhecidos, tuitar bastante e contar com uma assessoria de imprensa esforçada e a preço camarada daquele jornalista amigo da galera. Depois, feitas as contas, descobre-se que o filme foi bem na mostra Un Certain Regard, em Cannes, mas só juntou sete gatos pingados no Unibanco da Augusta. Em quatro dias, saiu de cartaz.
Com algumas produções muito boas, o grande problema do cinema nacional pode ser não se perguntar, de vez em quando, porque não deu bilheteria. Algo está errado com o filme, com o público ou com um milhão de coisas que ficam no meio dos dois. O certo é que boa parte da produção cinematográfica brasileira atual tem cumprido uma trajetória que começa no Pronac e acaba na estreia.
_lulafalcao
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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