Matéria da revista Época Negócios projeta um mundo sem papel. O texto avança a 2050 e mostra um grupo de crianças surpresas, na escola, ao ouvir que no início do século toras de madeira eram tiradas da floresta e transportadas por centenas de caminhões. A seguir, o professor do futuro conta que, disposto em bobinas, o papel atravessava o mundo em porões de navios e a viagem só terminava em amplos parques gráficos, onde, embebido em toneladas de tinta, o produto era usado na produção de jornais, revistas e livros.
A idéia é apontar para uma vida dominada pelos leitores eletrônicos de livros e jornais, cuja primeira versão, o Kindle, foi lançada em 2007 pela Amazon. A partir daí deriva para novos produtos, como o I-Pad e o Times Reader, por exemplo. No final, Earl Wilkinson, da Inma, responde à pergunta: a mídia impressa vai acabar? “Quando me deparo com esse tipo de questão, penso num homem, no início do século XX, olhando para um automóvel e querendo saber se, no futuro, ainda haverá espaço para o cavalo. Espaço existe, mas...”, observa Wilkinson. Segundo ele, a mídia impressa pode sobreviver, mas dificilmente será um veículo de massa por muito tempo.
Os sinais da nova era da leitura estão em toda parte. Nota-se, em primeiro lugar, a quebra de resistência de alguns intelectuais que viam o livro como algo imutável e quase místico. No final de semana, por exemplo, o jornalista Sérgio Augusto confessou, em texto no Estadão, que aderiu ao Kindle for PC. Ao redor do mundo, a mesma coisa. Joanne Kaufman, do The New York Times, enumera alguns casos de escritores que adotaram o book reader e acha que “a maioria dos autores pode estar disposta a deixar de lado quaisquer preconceitos”.
Para o jornalista Dagomir Marquezi (Info) quanto menos imitar o papel, melhor. Quanto mais for pensada digitalmente, mais rápida será a mudança. “Os conservadores seguirão fiéis aos livros impressos com tinta e costurados com linha. Serão cada vez menos. O resto de nós deve apertar os cintos porque a aventura mal começou”, observa.
As vozes dissonantes, claro, ainda são muitas. Em entrevista ao Estadão o pensador Umberto Eco afirmou que "o desaparecimento do livro é uma obsessão de jornalistas". Eco comparou o livro a uma colher, a um machado, a uma tesoura, tipos de objetos que, uma vez inventados, não mudam jamais.
_lulafalcao
segunda-feira, 12 de abril de 2010
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