Na semana passada e nesta também li no twitter uma frase que me chamou a atenção: “tô com sono”. Escrita no meio da tarde por uma moça de São Paulo, a declaração fará parte do arquivo criado pela Biblioteca do Congresso norte-americano para reunir tweets públicos do mundo inteiro. No futuro, daqui a não-sei-quantos terabites, as novas gerações tomarão conhecimento que, no início do século XXI, o fato de alguém estar com sono merecia ser anunciado ao Planeta por uma rede que reúne milhões de pessoas. O repertório de nulidades tem outras observações recorrentes, tipo “Aê”, “Vou comer uma bolachinha” e “Tá tão quentinho aqui”. Nem discuto a importância de informações que podem, sabe-se lá, ter alguma utilidade - “e ai, rolou?” ou “aquela história ainda está de pé?”, por exemplo. Mas mesmo assim os historiadores terão dificuldades imensas em pesquisar se rolou e, principalmente, rolou o que. Isso se a História ainda estiver de pé.
Muitos especialistas se perguntam: por que arquivar o twitter? Resposta de outros especialistas, em texto do blog Bibliotecno: “até mesmo os 140 caracteres utilizados para promoção pessoal, para exibicionismo, poderão ter sua importância em uma análise sobre como a sociedade se relacionava e o que faziam em determinado período, o que indicaria que tudo que é publicado no twitter pode ter um uso futuro”.
Então tá. Mas voltando ao “tô com sono”. A frase aparece tantas vezes que, daqui a uns 200 anos, vão pensar que a população brasileira tinha sido vítima de uma epidemia causada pela mosca tsé-tsé ou coisa parecida. Sem falar em outras inserções mais enigmáticas, como “Marisete pediu penico”, “Biloca ficou com o resto” ou “era o de azul, com asma”.
_lulafalcao
domingo, 18 de abril de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário