No artigo acadêmico “Os meios de comunicação e a prática política”, Luis Felipe Miguel, doutor em Ciências Sociais pela Unicamp e professor associado da Universidade de Brasília (UNB) faz observações interessantes sobre as relações nem sempre tranqüilas entre a mídia e os políticos. Nesta época de eleição é claro que a questão ressurge de forma mais visível. Alguns trechos:
- Parte da nostalgia da política pré-midiática se deve à ausência atual de "grandes líderes"... não à falta de candidatos a esta posição, mas "à superabundância de informações sobre eles", isto é, à exposição de suas falhas, vacilações e equívocos;
- É inimaginável que os meios de comunicação sejam os porta-vozes imparciais do debate político;
- O que se observa é que a visibilidade na mídia é, cada vez mais, componente essencial da produção do capital político;
- O caráter sempre mais mediatizado da comunicação política leva à adaptação do discurso político às regras da mídia, ao ponto de algumas interpretações indicarem que os "políticos de todos os matizes têm revelado uma tendência a descaracterizar seu próprio discurso e incorporar o estilo midiático", levando à pasteurização dos conteúdos.
- O discurso político precisa se adaptar ao novo ambiente gerado pelos meios de comunicação de massa, bem como a prática política incorpora os recursos que lhe são fornecidos pelas técnicas publicitárias e pelo marketing. Mas é uma apropriação seletiva, que pressupõe uma negociação tácita entre a mídia, que detém os instrumentos de produção da visibilidade social, e o político, que conhece ou intui os limites para além dos quais sua exposição pública se torna contraproducente.
- E quanto mais elevadas as posições de poder que se pretende alcançar, maior a necessidade de visibilidade nos meios de comunicação.
A propósito. Ou não, como diria Caetano Veloso: o sociólogo Manuel Castells afirma que os Estados têm medo da Internet porque perderam o controle da comunicação e da informação, em que basearam seu poder ao logo da história. “O Estado entra na privacidade das pessoas. E sempre o fez, com ou sem uma ordem judicial. Se quiser, nos vigia. Todos os governos do mundo o fazem. O novo é que agora nós podemos vigiar os governos”, observa Castells.
_lulafalcao
terça-feira, 13 de abril de 2010
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3 comentários:
Podemos vigiar o Estado e também ficar de olho na imprensa. Acabei de escrever sobre isso lá no blog do Guaci (http://guaciara.wordpress.com/2010/04/13/so-no-computador/).
abraço
Lauro
Caro Lula, sou primo do Barroso. Almoçamos uma tarde sábado na Vila Madalena. Não conhecia seu blog - e estou gostando. Sobre mídia e política, uma educadora argentina, Lourdes Sola, tem mais de um livro (todos interessantes) sobre esse embate. Ela diz que o político perde quando adapta seu discurso ao marketing - e nós também. Se você tiver oportunidade,dê uma procurda.
Forte abraço,
Alceu
Oi Alceu. Vou ler o livro.
um grande abraço.
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