Encontro Alberto feliz como nunca. Agora consegue viver com o mínimo possível: quarto com banheiro, computador com Internet e alguma grana para comer na padaria e no boteco da esquina. Deixou o emprego de executivo numa grande empresa para tornar-se escritor. Mais precisamente para escrever em seu blog sem precisar prestar contas às normas da firma. Quer divulgar tudo que lhe venha à cabeça – um monte de reflexões, revoltas e intimidades represadas pelo cotidiano corporativo.
Para levar a vida que pediu a Deus, Alberto deixou de lado bons restaurantes, viagens, carro, cartão de crédito e até a TV a cabo. Viu que não dá para ser livre e, ao mesmo tempo, ter que prestar contas à sua organização. Qualquer organização, segundo ele, inibe o pensamento: empresas, partidos, repartições públicas, sindicatos, forças militares, ONGs, Gangues, igrejas, comunidades do Orkut, seitas, clubes sociais, ligas, alas, correntes estéticas, academias...
Alberto saltou da classe A para a classe C e nesse novo ambiente sente-se livre para escrever sobre tudo e todos. Pelo menos por enquanto. Um dia ele é contra; outro dia é a favor. Não importa se o assunto é o mesmo.
Quem paga a conta da sua liberdade? Um desconhecido que pensa como ele e, por razões profissionais ou políticas, não pode levar a mesma vida sem travas intelectuais. Não tem coragem de fazer o mesmo e vive, à distancia, a vida de Alberto. Todo mês, religiosamente, o mecenas misterioso deposita R$ 1.8 mil na conta do escritor.
_lulafalcao
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário