quarta-feira, 19 de maio de 2010

Perguntas inocentes

Pela primeira vez na história deste Planeta, o Brasil se meteu em um assunto que, para muitos analistas, não era de sua alçada: a questão nuclear do Irã. Nas redes sociais, o caso foi recebido de forma apaixonada: uns desancaram Lula por sair em defesa do ditador iraniano Mahmoud Ahmadinejad; outros entraram em delírio patriótico após a assinatura do acordo. No final, ao que tudo indica, deverá prevalecer o jogo pesado das potencias nucleares, com os Estados Unidos à frente, que decidiram impor mais sanções ao Irã ao invés de aceitar os termos do tratado.

Nesse campo minado, algumas pessoas ficaram no meio do caminho, sem opinião formada, mas cheias de perguntas. Inocentes, mas todas úteis. Vamos lá:

Se quem decide mesmo são os países com bomba atômica, o que farão países como o Brasil para influir na política externa? Só terá acesso ao clube no dia em que também tiver suas bombas? Se não permitem que o País as tenha, então ele estará condenado à eterna condição de coadjuvante no cenário internacional? Para que serve a diplomacia se, na hora H, quem dá as cartas são as potencias nucleares? Por que não se ouve o mesmo clamor em relação a Israel, país que não aderiu ao Tratado de Não-Proliferação de Armas nucleares e que, provavelmente, possui mais de 400 ogivas?

A confusão, para simplórios como eu, aumenta quando sabemos que os Estados Unidos receberam aplausos ao anunciar que reduzirão seu peso nuclear de 5.113 para “apenas” 1.550 ogivas prontas para lançamento até 2020. Diante disso, a proposta aceita pelo Irã (enviar 1,2 tonelada de urânio com baixo grau de enriquecimento para a Turquia em troca de 120 kg de combustível enriquecido a 20%) não seria uma merreca?

Claro que faltava a mais inocente de todas as perguntas: por que não acabar com todo o arsenal nuclear da Terra logo de uma vez?

_lulafalcao

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