terça-feira, 1 de junho de 2010

A candidata dos chiques e famosos

Na série de entrevistas com candidatos que não vão concorrer a presidente em 2010, a vez é de Maria Isabel Lescot, do Partido do PIB Nacional (PPN). Belzinha, como é mais conhecida, acha que, finalmente, chegou a vez de os ricos terem sua própria voz no governo. Como não obteve registro no TSE, seu partido mesmo assim terá convenção informal, numa ilha de Angra, para discutir estratégias e fofocar um pouco sobre pessoas de nossa elite que preferem alianças com candidatos sem berço a estar com os seus, de preferência na companhia de um champanhe Perrier-Jouët (4.116 euros a garrafa).

Como a Sra. pretende se eleger com tão pouco eleitores?

È preciso deixar claro que o PPN não é um partido para quem quer; é para quem pode. Exigimos dos nossos militantes - que prefiro chamar de “sócios” - uma renda satisfatória, etiqueta, bons contatos e ótima aparência física. Não por acaso, estamos sustentando nossas idéias no site Diamond Lounge, que só aceita ricos, famosos e bonitos. Com algum dinheiro – e isso não é problema – poderemos convencer os menos aquinhoados que aquilo que eles levam não é vida. Não recusamos os votos dos pobres. Apenas não queremos nos misturar com eles.

Como começou o PPN?

A idéia surgiu num chá em minha casa, nos Pirineus – onde, aliás, sou vizinha de Paulo Coelho. A princípio, usei a pensão do meu primeiro casamento para comprar material de campanha – tudo de grife. Aos poucos, começaram a chegar as amigas, com coisinhas para um bazar. Teve até um quadro daquela menina, a Beatriz Beatriz Milhazes, que é uma fofa.

O que a Sra. tem contra os atuais partidos, especialmente o PT?

Eles falam muito em classe, mas quando a gente vai ver direito, não tem nada a ver com classe, elegância, postura. É outra coisa. A tal classe social. Sem contar que o presidente é muito rude. Garanto que não sabe usar talheres corretamente nem distinguir um Hermitage La Chapelle (1961) de um vinho de garrafão.

Como não conseguiu o registro do PPN, quem a senhora irá apoiar em 2010?

Estamos quase fora. Agora só em 2012, quando poderei concorrer a um cargo qualquer, nem que seja a Prefeitura de Campos do Jordão. Tenho uma casa lá, que pode ser transformada em comitê. Basta uma forcinha do meu amigo João Armentano na decoração. Nesta campanha para presidente, vou ver o que faço. As opções são poucas: o feirante da Mooca, a moça que veio do mato e aquela ministra, que precisa dar uma passadinha na Via Montenapoleone, em Milão, para renovar o guarda-roupa. Achei aquele senhor do PSOL muito distinto. Tem aquele negócio de povo (isso todos têm, é uma praga), mas pelo menos é católico.

@_lulafalcao

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