Durante a Copa todas as nossas energias estão voltadas para a Copa. Outro assunto parece não ter chance de prosperar ou comover. Até 11 de julho será assim. Carros embandeirados, impropérios contra Dunga, Cala a Boca Galvão, corre-corre para não perder o jogo, cerveja, TV, mesa redonda, fogos, vuvuzelas e Brasil-zil!
Nesta época, o copismo é ainda mais grave numa redação de jornal. Lá a convergência para a Copa parece maior. Todas as editorias estão enlouquecidas atrás de pautas sobre futebol e seleções. Na seção de esportes, tudo bem. É o grande momento. O caderno ganha reforço de pessoal (quase todos os colunistas) e de páginas. O problema é achar um viés do torneio que caiba, por exemplo, no caderno agrícola. “Na Copa do México fizemos uma matéria sobre o Naranjito, mas agora não temos nada”, queixa-se o editor.
O caderno de Turismo já achou sua chamada de capa – a África do Sul. A repórter de gastronomia fará, pela terceira vez, um texto sobre comidinhas da Copa. “Vamos de manga com kiwi, pelo menos é verde e amarelo”, diz a moça. Moda: o casaco do Dunga, de Alexandre Herchcovitch, veio a calhar. Saúde: quantas calorias perdem os jogadores durante a partida e, claro, aquela recomendação que vale para o carnaval, o vestibular e a gripe suína: “tome bastante líquidos”. Diversão: bares com telão. Cidades: trânsito nos dias de jogos do Brasil. Informática: os melhores sites sobre futebol. Celebridades: Roberto Justus verá a Copa na Praia Grande. Economia: Copa dará prejuízo e, finalmente, política: onde estavam Serra e Dilma em 1958? “68”, pergunta o estagiário. “Não, essa já fizemos e nesse ano não teve copa”, responde o editor.
Com todo mundo querendo falar sobre a Copa, o transtorno se estabelece na redação. Bem que o tema poderia ficar restrito ao caderno de esporte, mas não dá. A insignificância baixa sobre outras editorias, a inveja rói aqueles que não foram para a África do Sul e o futebol se transforma na razão da existência.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
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