quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Casa caiu

@ Deitada em minha cama, olhando para o teto. Aos poucos, começo a ver algo se movendo. Era o próprio teto, daqueles de gesso, dando sinais perigosos. Vai colapsar, pensei, usando o verbo que a imprensa brasileira aprendeu em 11 de setembro de 2001. Pulei da cama a tempo de não ser atingida pela placona branca. Desabou tudo e, pior, destruiu o laptop, meu único bem material. A casa caiu e estou off-line.

@ Sem TV, rádio, teto e dinheiro para reverter o desastre, tomei a decisão que me pareceu mais adequada ao momento: fui ao bar da esquina, tomei cinco doses de vodka, e dali parti para uma das piores viagens da minha vida. Não sei de muitos detalhes, mas o que passa pela minha cabeça agora, nessa enfermaria de hospital público, é a mãe de todos os pesadelos.

@ Parei ai. Como desenvolver a porra desse roteiro se não tenho a menor idéia do que vai acontecer na sequência do porre e do hospital e especialmente porque diabos fui parar ali depois das vodkas. Por isso que gosto dos iranianos – os cineastas, bem entendido. Botam uma menininha para andar por um povoado qualquer, salpicam algumas falas bem cotidianas e pronto, está feito o filme. Quero uma história mais roliúde, mas ela só tem começo.

@ Vou até a cozinha. Vejo uma barata. Acompanho seus movimentos. O que a barata está pensando? Como será sua vida em família? O que se passa naquele universo? Baratas... Não, é meio Discovery Channel ou vão ligar a coisa ao Kafka. O roteiro, então, fica para amanhã. Mas devo reconhecer: esse fumo é muito bom.

@ Volto para o quarto – inteiro, ainda bem – e entro no twitter. A experiência de tuitar meio doidona me parece sempre interessante. Há várias pessoas que fazem isso, senão milhares. Por isso o twitter fica dividido entre o pessoal que discute política e o povo que pergunta, por exemplo, qual é a velocidade do escuro. Sou da segunda turma. Não tenho o menor saco de defender a candidatura de A ou B, mesmo porque a eleição passa e eu permaneço aqui, parada, do jeito que era no governo anterior e do jeito que serei no próximo. Não que a política não mude as coisas, muda. Eu é que não saio do canto.

@ Continuo tuitando meio lesa. Longe de mim fazer apologia das drogas – mesmo porque, apesar de usar algumas, sou contra (menos contra a cannabbis, obviamente). O álcool, no meu caso, é a droga mais pesada. Às vezes, no entanto, é a única saída. Principalmente para quem está beirando os 40 e ainda não descobriu qualquer sentido para a vida. A não ser que existe sexo, vodka e Internet. Se Deus existir, entra na lista: sexo, vodka, Internet e Deus. Nessa ordem.

@_lulafalcao

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