@ A pior coisa pode acontecer é dizerem que sou “uma figura folclórica”. É como chamar uma cidade de “lugar pitoresco”. Uma bêbada aceita. Uma Rebordosa. Não. Não faço nada além do que penso. Às vezes penso e nem faço. Qual a diferença entre fazer ou só pensar? Respostas, obviamente, ficam para depois. Quando? Não sei. Talvez isso ajude a me explicar um pouco. Ou pode embaralhar tudo de vez. Não sei, você não sabe e, acima de tudo, não ele não se importa. Deixa prá lá, como convêm nessas horas.
@ O fato é que sempre quis ser outra pessoa, mas, ao mesmo tempo, continuando a ser eu mesma. Entende? Acho que, pelo grau de inveja, eu queria ser uma tipo paulista bem-intencionada em praia semideserta do Nordeste. A que anda com argentino rastafári e com o negão mais popular do pedaço. Faz bazar, tem pulseirinha no mocotó e adora a lua cheia; as que quase sempre têm no fundo a mesma história: problemas com o namorado, na metrópole, e por isso a adesão repentina a um mundo pelo menos distante da realidade. Trepadinhas com nativos (uma para cada um, se não complica) e delicadas dissimulações, na sequência.
@ Eu poderia ser também uma CDF linda enturmada. Com bolsa na universidade, capaz de discutir com os rapazes de igual para igual, enquanto mantém o ar de inatingível. Convive bem em alguns bares, mas sonha mesmo é com um jogador de pólo aquático do fluminense e com o professor de Estética, bem mais velho. Garota dos extremos, destrói o casamento do professor antes de se atirar pra valer na piscina do tricolor carioca.
@ Mas não, eu sou eu. Moradora de quitinete, bem humorada da boca pra fora, em busca do tempo perdido e nunca achado, ligeiramente alcoólatra, maconheira com limites, ex-atriz, ex-produtora, ex-fazedora de projetos pra lei de Incentivos à cultura e agora ex-escritora e ex-roteirista sem nunca ter saído da primeira página. Quando falam em fracasso, eu levanto a mão. É comigo.
@ Mas deixa pra lá (como sempre). Pelo menos ganho uns tocados tuitando para rede de faculdades que sobrevive sob a implicância do Ministério da Educação. A quitinete, continua mal. Mas casa desarrumada tem suas vantagens. Você acha tudo mais rápido. Isso porque quando desaparece alguma coisa numa casa super organizada é para sempre. Não estava onde devia estar, fudeu, sumiu de vez ou alguém roubou. Na casa bagunçada, não. A coisa pode estar em qualquer lugar. Um dia você acha.
@ Moral da história: nenhuma.
@_lulafalcao
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
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2 comentários:
Adorei! Ótimo texto!
Obrigado, Maria Amora. Conto com você por aqui.
bjs
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