Em o Globo do último domingo de abril, a literatura contemporânea brasileira comeu um pão amassado pelo crítico literário Alcyr Pécora, da Unicamp. Em essência, o doutor de Campinas afirma que a escrita produzida hoje é uma bosta. Não nesses termos, claro. Num texto apenas mediano, ele observa que ocorre hoje “uma impressionante expansão de narrativas no cerne da própria existência”. Quem viu ali uma cutucada no ótimo “Pornopopéia”, de Reinaldo Moraes, acho que acertou.
Doutor Pécora enxerga um relacionamento prejudicial entre literatura e redes social. “É como se o mundo inteiro fosse virtualidade narrativa antes de ser existência particular, e principalmente como se todo mundo fosse interessante o bastante para ser visto/lido”, decreta Pécora. Em troca, nos oferece um eterno retorno ao século XIX, aos braços confortáveis de Machado, como se o mundo virtual também não fosse feito por gente de carne e osso. Tudo bem em relação a Machado, mas por que um café oitocentista seria assim tão melhor do que a rede?
Em todo caso, a trolha acima não tem pretensões de ser uma crítica da crítica. Nem mestrado eu tenho.
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Por falar em literatura contemporânea, presenciei um debate curioso no Rio. Assunto: cu. Um grupo de intelectuais, durante uma festinha, começou a dissecar o dito com todo o rigor acadêmico. Não se falou em escatologia ou Proctologia. O caso esteve no âmbito da Filosofia e da Psicanálise. Fiquei impressionado com a bibliografia existente sobre esta, digamos, área de estudo. Conhecia apenas “A história do olho”, de Georges Bataille, e ao final sugeri que já era o momento de alguém escrever algo mais abrangente, tipo “Cu, uma biografia”. Ninguém achou a menor graça. A referência foi tratada como politicamente incorreta por um emérito tradutor presente.
@_lulafalcao
segunda-feira, 25 de abril de 2011
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6 comentários:
bonito quando um Alcir Pécora discorre sobre a literatura, nos privilegia dando dicas de nomes importantes, de suas referências teóricas. é tocante.
o diálogo literário seria mais útil se ele pontuasse, denominasse quem são esses contemporâneos que fazem da literatura um lixo.
literatura autoral? de quem estamos falando?
que tipo de reconhecimento geográfico literário ele tem pra dizer uma "verdade" tão cruel e definitiva?
o produzir é livre. a arte é livre. uma das grandes lições das redes sociais hoje é esse aprendizado, conviver com o diferente.
há público/leitores para todos os gostos.
cansei de falar mal, por exemplo, do Paulo Coelho. por que falar mal dos contemporâneos?
a palavra está aí. e se for pra discutirmos literatura que possamos falar do que realmente importa: o mercado editorial, as relações mercadológicas que envolvem o livro e o escritor.
ah, Alcir Pécora, menos. vai pegar um sol e relaxa, amigo.
pra vcs verem como o Lula tá certo, eu li o tal Alcir Pecorino e o texto dele pra mim é um queijo fungado, não entendi nada. Já isto aí da biografia do Cu achei genial e dou o maior apoio.
falando sobre cú,recomendo o artista plástico Baiano Juarez Paraíso.Uma deliciosa e curiosa composição estética de se ver e “tentar” ler as várias facetas que podem o cú assumir.
Veremos as tais facetas que o dito cujo pode assumir na obra de Juarez Paraíso.
Sobre o Prof. Alcir Pécora, ele em sua longa vivencia academica não apenas critica a produção insossa da contemporaneidade, mas a maneira como se apropriam da escrita e a usam de forma agressivamente boçal. Não tiro a razão dele. Porém que não se critique a fragilidade da cultura e formação das pessoas na atualidade, afinal se vivemos num mundo onde as pessoas aceitam passivamente uma avalanche de banalidades não há como cobrar nada de surpreendente, não é?
Fica a dica: leiam mais o Alcir Pécora, e tantos outros, vozes isoladas que tentam mostrar fragilidades do sistema que nos é imposto!
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