Blog. Eu tenho, tu tens, ele tem. Outros têm mais de um. Crianças, adultos e até algumas espécies animais – com ghost writer humano, claro - mantêm suas páginas na Internet para dizer uma variedade enorme de coisas que parece não caber mais em qualquer armazém de palavras, seja o cérebro humano ou o Google. Alimentar um blog tornou-se tão urgente e inexplicavelmente necessário quanto possuir um CPF ou um RG. Mas ai surge um problema: quem vai ler? Poucos. Em muitos casos, ninguém; e na maioria das vezes só por engano alguém acessa seu blog por uma conjunção de letras escritas em tal ordem que equivale, por exemplo, a acertar na megasena. Mas, nessas ocasiões, o “leitor” abre e fecha, sem ao menos olhar o conteúdo, e suas idéias vão navegar pelo éter, junto com partículas desconhecidas. Nenhuma repercussão e escritos frustrados, especialmente para aquelas pessoas que não escrevem apenas para elas próprias - num tipo de comportamento que, para um jornalista, soa como meio maluco.
Pois bem. Atualmente, segundo o Technorat, existem 55 milhões de blogs no mundo, num cálculo por baixo e defasado, pois a cada minuto ou segundo surgem novas páginas, numa velocidade tão impressionante quando a reprodução de bactérias e de alguns insetos mais férteis. Com a blogosfera engarrafada, alguns eleitos conseguem cair no gosto do público, seja por qualidade, acaso, milagre e, obviamente, por pesados investimentos em marketing. A maioria, no entanto, continua navegando no mar escuro. Seus posts são como mensagens dentro de garrafas jogadas na água.
O tema do anonimato dos blogs pessoais é recorrente aqui. Mas a volta ao assunto tem a ver não apenas com a visível saturação da blogolândia, mas com a pregação de alguns teóricos sobre o esgotamento deste meio de comunicação e a perda da sua razão de existência. Alguns até decretam seu fim, apostando que o futuro da escrita na Internet é incerto, mas que obviamente o blog independente não é o caminho.
Para Marcelo Träsel, ex-colaborador do CardosoOnline, os blogs terminaram. Acabaram. Foram comer capim pela raiz. “São um ex-formato de mídia alternativa na Web”, afirma. “E o motivo principal dessa desaparição é justamente o sucesso que o formato blog obteve, tornando-se onipresente”. O futuro, segundo ele, está um modelo, em um killer app ainda não inventado.
Já o jornalista Paul Boutin, em matéria publicada na revista Widered, vai mais longe: "Está pensando em criar um blog? Aqui vai um conselho de amigo: não faça isso. E, se você já tem um, tire ele do ar". Em seu texto, ele acrescenta que a blogosfera se profissionalizou tanto que as chances de um blogueiro independente construir relevância caíram imensamente nos últimos quatro anos.
Quer dizer 1: se você não tem um esquema empresarial por trás, desista.
Quer dizer 2: o imenso sucesso dos blogs é o motivo de seu o fracasso.
Quer dizer 3: a ideia de que cada pessoa seria uma espécie de jornal de si próprio e de suas idéias pode ter sido mera ilusão.
Mesmo assim alguns vão continuar existindo, cambaleando por ai, almas penadas, com poucos leitores, como este aqui. Até o dia do Juízo final da blogosfera. Que ainda não chegou, mas vai chegar. Tudo nasce, cresce e morre. É assim que funciona.
@_lulafalcão
terça-feira, 28 de junho de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Olha, os outros não sei, mas o seu blog é delicioso. Sempre venho ler. Comentar, na maioria das vezes acho difícil. Comentar literatura muitas vezes me soa a esquartejar um texto. Traumas pessoais com crítica literária. :)
Deb, tenho o maior prazer de escrever para umas poucas e boas pessoas. Por isso, o blog continua.
Postar um comentário