Um cara chamado Mark Holden, citado pelo @Bluebus, está prevendo que em pouco tempo mundo será ainda mais integrado em termos de tecnologia digital, com consequências espetaculares na vida das pessoas, especialmente em relação à privacidade. “Viveremos em uma sociedade em tempo real, orientada para a socialização virtual”, diz ele. Mais adiante, o sujeito cita um monte de inovações, como a realidade aumentada, para afirmar que cairemos numa “gameficação” das nossas relações, ou seja, levaremos nosso dia a dia dentro da lógica dos jogos, como personagens de uma second life. Pelo menos é o que entendi.
Pode ser exagero de leigo assustado, mas o mundo dessa forma, cheio de vigias virtuais em todo canto, acabará totalmente com aqueles momentos mais íntimos, como a ida ao banheiro com o jornal do dia. Basta fazer isso e em questão de segundos, assim imagino, o Departamento de Estado dos EUA, o IBGE e as agências de publicidade já terão todos os dados referentes, por exemplo, à composição de sua urina e fezes, que serão repassados por dispositivos instalados na bacia da privada. Em pouco tempo, todo mundo saberá o que você comeu naquele dia e qual a procedência dos alimentos, bebidas e outras substâncias, formando assim um perfil do consumidor a partir do mais privativo ambiente doméstico. Sem contar que tais informações podem dizer muito mais sobre você: por onde andou e o que aprontou, histórico de consumo de drogas e doenças, e se de alguma forma representa um perigo para o mundo ocidental.
Do mesmo modo, a pessoa não poderá dar qualquer tipo de escapadinha. Tudo registrado. Uma ida ao bar da esquina será filmada, escaneada e analisada não apenas para saber a marca da cerveja que você toma e o quanto gastou na farra. Também vão estar de olhos e ouvidos no conteúdo de sua conversa, nos seus gestos e tiques, nos olhares para a mulher da mesa ao lado e na roupa que está vestindo. Serão informações de interesse para a indústria em geral, o Ministério da saúde, a Receita Federal, a CIA e, eventualmente, maridos traídos.
O 1984 de Orwell chegando atrasado, mas chegando com tudo, poderá jogar o cidadão numa rede social de grandes dimensões, mesmo que ele não queria. O pior desse admirável mundo novo é que, pelo menos segundo Holden, boa parte de nós estará viva para presenciá-lo. Será daqui a cinco anos.
@_lulafalcao
terça-feira, 21 de junho de 2011
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