quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Memória

Nunca sabe o nome do filme, muito menos o do diretor, tampouco pouco se lembra dos atores. Pior: se atrapalha na hora de contar a trama. “É aquele que...”. Disso não sai, a memória falha, embora ele tenha quase todo o roteiro na cabeça, peça por peça, quase um story board, com músicas e algumas falas, que no momento não lhes vêm para uso em público. Acontece a mesma coisa com os livros daquele autor (“como é mesmo nome dele, meu Deus?”), músicas e bandas ou uma peça que viu, salvo engano, em um teatro do Rio, São Paulo ou Curitiba – ou será que só leu a crítica? Deixa pra lá.

Só depois do bar, antes de dormir, a ficha técnica cai. Inteira. O letreiro final completo, o IMDb de cada ator, resenhas completas, momentos especiais. É capaz de recitar tudo sem vacilações, diante do espelho, mas ai não adianta mais. Amanhã, quando voltar à mesa, a memória vacilará de novo. Já culpou o álcool pelos esquecimentos, mas é assim desde criança. Tantos filmes, peças e livros passaram por suas vistas. Acolheu os significados, algumas obras marcaram sua vida, mas ele queria mesmo era exibir suas informações aos amigos e nada aparece no momento certo. Pode ser timidez, falta de vitamina B12, problemas de sinapses com sinopses ou egoísmo.

Foi consultar um psiquiatra, tipo esquisito, e ele achou que poderia ser um vírus. Daqueles que migram dos computadores para as pessoas.

@_lulafalcao

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