Ontem eu vi uma moça linda com uma tatuagem
na coxa em que informava o dia, o mês e o ano em que nasceu – FAB: 17-01-90 -,
escrita com a mesma fonte usada para indicar a data de fabricação de um
produto. Pensei em perguntar – só pensei – qual seria a data de validade. Quando
ela virou-se e sorriu parecia ter sido feita de matéria não perecível.
Sertão
“O sertão é necessário” foi o mote que
surgiu numa conversa sobre diferenças: a vida urbana e o semiárido do Nordeste,
duas culturas e seus contrastes enormes, todas as facilidades encontradas na
metrópole e todas as dificuldades sob a seca, como agora. O mais interessante é
sermos de lá e estarmos tão longe, há tanto tempo, mas ainda pensando naquele
céu de estrelas e nas pessoas capazes de nos ensinar coisas preciosas, mas
pouco pragmáticas. Em janeiro iremos olhar as estrelas, conversar um pouco numa
sombra qualquer e depois a vida seguirá, como no verso de Pessoa, neste oásis
de inutilidades ruidosas.
Ilustração: Henrique Koblitz
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