Forças além de suas forças e forças ainda mais fortes são as que
movem o poeta Alfredo Nobre em direção ao desconhecido, à nova poética da
energia e da matéria, às coisas vindouras e à explicação sobre nossas
existências, conforme ele mesmo escreveu em texto recente. Às vezes forçando a
barra – às vezes nem tanto – ele parece em eterna propulsão, jorrando para
mesas e plateias o resultado da dramática colisão de partículas criativas.
Nobre acha sua cabeça e seus processos merecedores de total
divulgação e, por isso, a cada momento joga na roda uma frase-conceito, um haicai
perfeito, um soneto liquefeito, além de outras rimas e não rimas capazes de
mudar a literatura sobre a Terra. Para ele, algumas de suas manifestações
conseguem resumir, alinhar e principalmente acrescentar muitas notas ao que
passou e se passará, desde o rebuliço de aminoácidos que deram em vida até as questões
tecnológicas de hoje.
Tornou-se comum achar-se que suas observações são de fato
geniais, e embora tenha furos na lógica e passagens de pouca elegância formal,
ainda assim, e mesmo com algumas frações piegas, o trabalho do Alfredo Nobre
ecoa e se reproduz entre seu fiel e pequeno público.
Agora, ele está numa fase cósmica, tentando desvendar,
poeticamente, alguns segredos do universo. O que existia antes do big-bang?
Qual a possibilidade de outras dimensões? Os temas são panorâmicos, sem
dúvidas, mas a solução poética não se aplica ao mundinho da Física. Seus leitores,
no entanto, tratam as considerações de Nobre, em forma de versos ou não, como
manifestação de ciência pura.
Eis, então, o personagem: sua mente está distante, nos confina
do universo e da alma, esperando sempre um raio de inspiração capaz de lhe
conceder o direito a uma teoria de tudo.
Incrivelmente, o poeta não é pedante, como se pôde transparecer.
Ele acredita piamente no que fala, em voz alta, quando está bêbado ou sóbrio, e
só desempenha o papel de profeta – e, com menos frequência, de Deus – por
necessidade de transmitir ao próximo o conteúdo gerado em seu amplo espaço
interior. Assim, espera espalhar uma poesia de luzes sobre este e outros mundo.
A nata desta cidade deu a Alfredo Nobre todas as insígnias
literárias municipais, além de um emprego em que possa sustentar sua iluminação
e gloria.
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